Santa Teresinha - 3° parte

domingo, 16 de janeiro de 2011

Quadro pintado por Teresa em 1892 e doado a Céline

As criancinhas não se condenam

“Que faríeis”, dizia-lhe eu, “se pudésseis recomeçar vossa vida religiosa?”
“Parece-me”, replicou, “que faria o que fiz”.
“Não tendes, pois, os sentimentos daquele solitário que afirmava: ‘Mesmo que eu tivesse vivido longos anos na penitência, enquanto me restasse um quarto de hora, um sopro de vida, temeria a condenação?’”.
“Não, não posso compartilhar esse temor, sou muito pequena para me condenar; as criancinhas não se condenam”.


Passar por baixo do cavalo

Muito desanimada, o coração ainda pesado por causa de um combate que me parecia insuperável, fui dizer-lhe: “Desta vez é impossível, não posso passar por cima!” “Isto não me admira”, respondeu-me. “Nós somos muito pequenas para nos pormos acima das dificuldades; é preciso que passemos por baixo”. Lembrou-me então esta passagem de nossa infância: achávamo-nos em casa de nossos vizinhos, em Alençon; um cavalo impedia a entrada do jardim. Enquanto os adultos procuravam um meio de passar, nossa amiguinha10 não achou nada de mais fácil do que passar por baixo do animal. Ela foi a primeira a deslizar; estendeu-me a mão, segui-a puxando Teresa e, sem curvar muito nossa pequena estatura, chegamos ao fim.


“Eis o que se ganha em ser pequena”, concluiu ela. “Não há obstáculo para os pequenos, eles se metem por toda parte. As grandes almas podem passar sobre os negócios, rodear as dificuldades, chegar, pelo raciocínio ou pela virtude, a porem-se acima de tudo, mas nós, que somos pequeninas, devemos precaver-nos contra essa tentativa. Passemos por baixo! Passar por baixo dos negócios é não dar a eles demasiada importância, nem pensar demais sobre eles”11.

Orientar a intenção

Durante sua doença, aceitava os remédios mais repugnantes e os tratamentos mais penosos com uma paciência inalterável, embora verificasse que eram inúteis. Não lamentava nunca o cansaço que resultava disso. Confiava-me ter oferecido a Deus todos esses cuidados inúteis, por um missionário que não tivesse tempo, nem meios de se tratar, pedindo que tudo isso lhe fosse proveitoso...

Como eu lhe expusesse meu pesar por não ter tais pensamentos, respondeu-me: “Esta intenção explícita não é necessária para uma alma que se deu toda a Deus. A criancinha, no colo de sua mãe, toma o leite por assim dizer maquinalmente, sem pressentir a utilidade de sua ação; entretanto, ela vive e desenvolve-se. Não tinha contudo essa intenção”. Dizia-me ainda: “Um pintor que trabalha para seu patrão não tem necessidade de repetir a cada pincelada: é para fulano de tal, é para fulano de tal... Basta que se ponha à obra com vontade de trabalhar por seu patrão.

É bom recolher-se muitas vezes e dirigir suas intenções, mas sem constrangimento de espírito. Deus adivinha os belos pensamentos e as intenções engenhosas que desejaríamos ter. Ele é Pai, nós, seus filhinhos”.


Continua (...)

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Salve Maria!

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***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.