Romantismo Alemão.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Salve Maria!

Resolvi fazer um apanhado sobre o Romantismo Alemão, pois dele certos aspectos estão presentes entre alguns que se dizem da direita dentro de nossa amada Igreja.

A uns 13 anos atrás eu li um livro de nome "Mística Cidade de Deus" (de Maria de Ágreda) que me causou muita estranheza, e apesar de na época não conseguir entender por que, eu não gostei da leitura.

Tempos depois ouvi falar sobre Anna Katharina Emmerick  e por tantos elogios que esta mulher dita  "santa", fiquei curiosa por ler seus escritos e tive a infelicidade de ler "Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus". Nunca tinha lido tantas barbaridades juntas em um só livro! Achei que eram "revelações" demais para uma só pessoa, e coisas que pareciam ir contra a doutrina Católica, mas que mesmo assim encantavam seus leitores.
Como eu não tinha o conhecimento para firmar em fatos meu desinteresse e porque não dizer, meu repúdio  por estas "videntes" e seus escritos, guardei esta aversão somente para mim.

Este ano de 2010, no mês de agosto, tive a alegria de poder ir ao Congresso da Montfort e para minha surpresa um dos assuntos era justamente estas "videntes" e seus livros prá lá de gnósticos! Então pude entender que minha estranheza diante estes textos tinham total fundamento.

Mas entendam que os ramos do romantismo não atingem somente a direita Católica, pelo contrário, tem muito deles em vários seguimentos, inclusive entre os progressistas. Os textos que irei expor no decorrer dos dias serão a prova do que falo, e estes textos são uma adaptação dos textos do Professor Orlando Fedeli!

Falemos um pouco sobre o ROMANTISMO ALEMÃO, e esta imagem abaixo é Goethe, um dos principais nomes do romantismo na Alemanha.

O Romantismo Alemão surge num contexto de resistência ao movimento Iluminista francês. A crítica é ao modo excessivamente racionalista e materialista de conceber o homem e o mundo que gera reduções positivistas. Por isto, o combate ao excessivo racionalismo e submissão ao método, que são características da filosofia analítica.
Esta forma de pensar (filosofia da linguagem), que é característica de um dos principais autores da filosofia da linguagem romântica alemã teve, entre outras, conseqüências para o pensamento político. Herder afirmou o caráter próprio de um período histórico ou civilização. Seria reducionista a atitude de procurar regras universais. Para explicar o pensamento de um povo é preciso se situar no momento histórico particular daquela sociedade. A Herder se atribui as noções relacionadas ao nacionalismo, historicismo e Volksgeist (espírito da nação), bem como se ressalta a sua liderança na "romântica revolta" contra o racionalismo e a fé na onipotência do método científico.

I – Conceito de Romantismo
Romantismo e Gnose

O conceito de Romantismo é nebuloso e quase inapreensível. Ele tem algo como o esgarçar das nuvens. Seus contornos são pouco definidos.

"O Romantismo não tem dogma, nem princípio, nem objetivo, nem programa, nada que se situe dentro de um pensamento definido ou de um sistema de conceitos (...) O Romantismo é uma atitude vital de índole própria e nisso reside a impossibilidade de determinar conceptualmente a sua essência" (Nicolai Hartman - A Filosofia do idealismo alemão, Lisboa, Gubelkian, 1983, pp. 189-190).

Mesmo os autores considerados fundadores do Romantismo não estavam de acordo com a sua essência, sendo pouco claros e, às vezes, contraditórios nessa matéria (Cfr. Mário Puppo- Il Romanticismo, Roma, Sudium, 1967, p. 10). Friedrich Schlegel, um dos líderes e fundadores da escola romântica alemã, escrevendo a seu irmão, August Schlegel, disse:

"Não posso enviar-te a minha interpretação da palavra "romântico" (...) ela tem 125 páginas de extensão" ("Non ti posso mandare la mia interpretazione della parola 'romantico' (...) essa è lunga 125 fogli" - apud Ladislao Mittner - Storia della letteratura tedesca, 'Dal Pietismo al Romanticismo, 1700-1820', Torino, Giulio Einaudi, 1977, p. 699).

Albert Béguin, interrogando-se sobre o Romantismo alemão, diz que recorreu:

"... às inumeráveis obras em que a crítica alemã, há alguns anos, se esforça por dar uma fórmula do romantismo, muitas análises e vistas, profundas, vivas, perspicazes são encontradas nas páginas desses livros. Mas a síntese soberana que definiria sem reserva o espírito romântico parece se furtar a todas as tentativas" (Albert Béguin - "L'âme romantique et le rêve". Paris, José Corti, 1966, p. XII).

Mittner, tratando desse tema, diz que se coletaram cento e cinqüenta definições de romantismo e que  "... a palavra 'romântico' deve a sua excepcionalíssima e indeclinável fortuna à sua irridescente polivalência; ela tenta, de fato, definir o indefinível (...)" (L. Mittner, op. cit. p. 699. O sublinhado é nosso.).
Eis aí um bom ponto de partida. "Definir o indefinível", tal seria o escopo do Romantismo. Portanto, já que só se pode definir o conhecido, ele pretende "conhecer o incognoscível". Ambas as formulações são bem próprias dessa escola, por sua natureza paradoxal ou, mais precisamente, dialética.
O conhecimento do incognoscível daria ao homem o saber absoluto, um poder mágico que lhe permitiria redimir-se e redimir a natureza. Seria, pois, um conhecimento salvador.

"Certamente, os românticos não crerão também que uma simples acumulação de fatos, devidamente constatados, conduza ao saber supremo; mas, eles manterão a esperança de obter um conhecimento absoluto, que, para eles, será mais e melhor do que um simples 'saber': (será) um 'poder' ilimitado, o instrumento mágico de uma conquista e mesmo de uma redenção da Natureza. Para eles, tratar-se-á de um conhecimento do qual participarão não só o intelecto, mas o ser inteiro, com suas regiões as mais obscuras e com aquelas que ele ainda ignora, mas que lhe serão revelados pela poesia e por outros sortilégios" (A. Béguin - op. cit. p.5. O sublinhado é nosso).

Continua no próximo artigo postado.

1 comentários:

Um blog como Aquele disse...

Comecei a ler sobre o Romantismo mas confesso que achei a linguagem bem complicada. Mas vou continuar lendo pois quero entender tudinho. Giovana eu dei aula num seminário por 4 anos, sabia? Era professora de Comunicação Social, ensinava os alunos a falar em público, cuidar da voz. Gostaria de ter conhecido seu blog naquela época, ía usar muitas informações boas em minhas aulas. Beijos e qualquer dúvida vou te perguntando.

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Salve Maria!

Que o Espírito Santo conduza suas palavras. E que Deus nos abençoe sempre.

***Caso o comentário seja contrário a fé Católica, contrário a Tradição Católica SERÁ DELETADO, NEM PERCA SEU TEMPO!
***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.