Desânimo, seus efeitos numa alma!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PERIGOS E FUNESTOS EFEITOS DO DESÂNIMO.

O desânimo é a tentação mais perigosa de que pode lançar mão o inimigo da salvação dos homens. Nas outras tentações, ele não ataca senão a uma virtude particular, e vem a descoberto: no desânimo ataca a todas e de emboscada!

Nas outras tentações vê-se facilmente o laço. Encontram-se na própria religião, muitas vezes na mesma razão, e na educação cristã, sentimentos que as condenam: a vista do mal que não se pode disfarçar, a consciência, os princípios da fé que despertam, servem de apoio à alma tentada. No desânimo não se encontra socorro: sente-se que não basta a razão para prática de todo o bem que Deus exige; por outro não se espera encontrar junto a Deus a proteção de que se tem necessidade para resistir às tentações. Sente-se a alma sem coragem, e está a ponto de abandonar tudo; e é a isto que o demônio quer levar a alma desanimada.


Nas outras tentações, vê-se claramente que seria mal aderir a elas refletidamente; no desânimo, disfarçado de mil modos, crê o desanimado ter as mais sólidas razões para deixar-se levar por esse sentimento, que não lhe parece ser uma tentação. Entretanto, tal sentimento faz ver como impossível é a prática constante das virtudes, e expõe a alma a deixar-se vencer por todas as paixões. Muito importa evitar este laço.


O que faz o maior mal de uma alma desanimada é que, enganada por um temor excessivo que lhe disfarça os verdadeiros princípios, abatida das dificuldades contra as quais não encontra em si mesma nenhum recurso, não vê em tal estado uma tentação. Se ela o considerasse por este prisma, desconfiaria das razões que o entretêm: mais depressa e mais facilmente sairia dele.


Bem certo é que o desânimo é uma tentação perfeitamente assinalada; com efeito, todo o sentimento que é oposto à Lei de Deus, por si mesmo ou em suas conseqüências, é evidentemente uma tentação.


Se nos vem um pensamento contra a fé, um sentimento contra a caridade ou contra qualquer outra virtude, tomamo-los como uma tentação; voltamos atrás e aplicamos a produzir atos opostos a esse pensamento, a esse pensamento que nos põe em perigo de ofender a Deus.


Para tornar sensível esse perigo, examine o procedimento ordinário dos homens. É a esperança de bom êxito, de alcançar um bem, de evitar um mal, de satisfazer, em uma palavra, a algum desejo ou paixão, que os faz agir, que os sustenta nos trabalhos que devem suportar que os anima nos obstáculos que devem vencer. Tira-lhes a esperança, e logo cairão na inação. Só o delírio poderá fazer que um homem se mova por um objeto que lhe não espera adquirir. Na prática das virtudes o desânimo produz o mesmo efeito, pois funda-se no mesmo princípio: a falta de meios para atingir o fim proposto!


A alma cristã que não espera vencer-se na prática de alguma virtude, nada ou quase nada faz para se fortificar. Os esforços insuficientes que faz aumentam a sua fraqueza; e, meio vencida pelo desânimo, deixa-se facilmente arrastar à paixão que a domina. A vista de sua fraqueza lança-a desde logo na irresolução e na perturbação. Em tal estado, de todo assoberbada pelo desânimo que sente para combater, não vê mais os princípios que devem guiá-la. O medo de não vencer impede-a de ver os meios que Deus lhe apresenta, que lhe dariam vitória: assim entrega-se sem defesa ao inimigo. Assemelha-se a uma criança que treme à vista de um gigante que marcha para esmagá-la.


O que vemos é que este espírito de desânimo apodera-se da alma e tira-lhe toda a luz e toda a reflexão, por fim tira-lhe o costume da oração e leva essa alma a desesperança. Assim longe da graça santificante essa alma começa a perder a salvação.


Rezemos sempre em caso de desânimo e rezemos sem cessar:


“Meu Pai, se é possível afaste-se de mim este cálice: cumpra-se entretanto a vossa Vontade e não a minha!”


Um anjo do céu virá também fortificar a alma que diante do desânimo mantêm-se apoiada na graça da oração contínua, e esta alma poderá resistir a todos os furores do inferno.


Trechos do livro: O caminho da paz interior (1937)

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Salve Maria!

Que o Espírito Santo conduza suas palavras. E que Deus nos abençoe sempre.

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***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.