A ORDEM

domingo, 24 de abril de 2011


Por vontade de Jesus Cristo há na Igreja dois estados de vida que são santificados, cada um por um Sacramento: o estado sacerdotal (Sacramento da Ordem) e o estado matrimonial (Casamento).

No Antigo Testamento havia Sacerdotes que ofereciam sacrifícios de animais ou frutos, que eram queimados ou consumidos, em sinal de louvor ou para pedir perdão pelos pecados. Esses Sacerdotes eram apenas figura do único e verdadeiro Sacerdote que viria séculos mais tarde, o próprio Jesus Cristo.

Só Ele, sendo Deus e sendo homem, podia oferecer ao Pai eterno um sacrifício eficaz e agradável, que nos libertasse do peso dos nossos pecados e fizesse de nós filhos de Deus. Jesus é, pela missão que recebe de salvar nossas almas pelo sacrifício Redentor Rei, Profeta e Sacerdote. E Ele transmite à sua Igreja, no sacerdócio católico, os três poderes que emanam dessas três propriedades.

Como Rei, Jesus transmite à Igreja o poder de governar as almas
Como Profeta, Jesus transmite o poder de ensinar a sua Doutrina.
Como Sacerdote, Jesus transmite o poder de santificar as almas.

  • O Sacrifício oferecido por Jesus Cristo
Não foi um sacrifício de animais, como no Antigo Testamento. Esses antigos sacrifícios eram figuras do único sacrifício, que é aquele oferecido por Cristo na Cruz. A vítima do sacrifício oferecido por Jesus Cristo é Ele próprio. Por isso podemos dizer que Jesus Cristo oferece e é oferecido. Oferece como Padre e é oferecido como vítima.

Jesus realizou uma só vez seu sacrifício, morrendo na Cruz por nós. Mas Ele quis nos dar o privilégio de assistir a esse mesmo sacrifício para que pudéssemos receber mais graças e méritos que nos vem da Cruz. Para isso ele instituiu o Sacramento da Eucaristia e a Santa Missa, que Ele mesmo celebrou na Quinta-feira Santa, antes de morrer.

Porém, como Jesus subiu aos Céus e está sentado à direita do Pai, era necessário que outras pessoas tivessem o poder de celebrar a Santa Missa para nós. Por isso Jesus instituiu o Sacramento da Ordem, pelo qual Ele transmite a certos homens este poder sacerdotal.

A Igreja recebe, então, este poder de Cristo, três poderes que definem perfeitamente sua missão na terra. Governar, ensinar e santificar para nos levar para o céu. O Papa, sucessor de S. Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos, detém a plenitude do sacerdócio e formam a hierarquia da Igreja Católica. Esta hierarquia recebe a missão de guardar o Depósito da Fé, aquilo que foi Revelado e que deve ser transmitido intacto.

[O Concílio Vaticano II vira a Igreja de cabeça para baixo quando ensina que ela é a reunião do Povo de Deus escolhendo alguns dos seus membros para uma função sacerdotal. Concepção democrática e modernista, condenada pela Igreja. A essência da Igreja não é essa. Ela é, sim, um Corpo, cuja cabeça é Cristo. A hierarquia da Igreja representa esta Cabeça. Os membros só participam da vida da Cabeça, que é Cristo, na medida em que recebem da hierarquia a vida da graça. A hierarquia representa a Cabeça, o Chefe. Ela não emana do povo. A Igreja é formada de cima para baixo, e não de baixo para cima.

  • A Instituição do Sacramento da Ordem
Foi na última Ceia, na Quinta-feira Santa, logo depois de ter celebrado a primeira Missa que Jesus instituiu o Sacramento da Ordem. Ali os Apóstolos receberam o poder de celebrar a Santa Missa. Este poder foi completado mais tarde, no dia da Ressurreição, quando Jesus deu-lhes o poder de confessar os pecados. Os Apóstolos receberam de Jesus a plenitude do Sacerdócio, ou seja, o poder de ensinar, de governar e de santificar a Igreja. É este o poder pleno que recebem os Bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos.

Para auxiliá-los nesta missão divina, os Bispos conferem a ordenação sacerdotal aos Padres. Jesus Cristo confere aos Padres uma participação no seu poder sacerdotal, não tão plenamente quanto aos Bispos, mas suficientemente para tornar o Padre um representante de Jesus na Terra. A missão do Padre é oferecer a Deus o Sacrifício da Missa, administrar os Sacramentos da Igreja, abençoar e transmitir a Santa Doutrina da Fé.

  • O Ministro, Matéria e Forma do Sacramento da Ordem
O Sacramento da Ordem é realizado por um Bispo. Só os Bispos têm o poder de transmitir o sacerdócio aos Padres. Numa longa e belíssima cerimônia, o jovem recebe a imposição das mãos do Bispo, ou seja, o Bispo põe as duas mãos sobre a cabeça do ordenando enquanto canta a oração consecratória.

A imposição das mãos é a matéria do Sacramento da Ordem.

A oração consecratória é a forma do Sacramento da Ordem.

O poder de celebrar a Missa e os outros Sacramentos é a graça sacramental do Sacramento da Ordem.

Eis alguns dos momentos da cerimônia de ordenação:

Depois das orações iniciais, o Bispo impõe as mãos sobre a cabeça do jovem, gesto que é repetido por todos os Padres presentes. Depois lança-lhe aos ombros a estola, dispondo-a em forma de cruz sobre o peito, para assinalar que o Sacerdote se reveste da força do alto, pela qual toma sobre si a Cruz de Cristo Nosso Senhor, e o suave jugo da lei divina, para pregá-la não só de boca, mas também pelo exemplo de uma vida pura e santa.

A seguir, unge-lhe as mãos com o Santo Crisma e entrega-lhe o cálice com vinho e a patena com a Hóstia, dizendo: "Recebe o poder de oferecer o Sacrifício de Deus, de celebrar a Missa, tanto pelos vivos como pelos defuntos".

No final da Missa, o jovem volta para junto do Bispo que lhe dá o poder de confessar os pecados, repetindo as palavras de Jesus: "Recebe o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e a quem retiverdes os pecados, ser-lhes-ão retidos".

O Sacramento da Ordem imprime na alma do Padre um caráter indelével (como também o Batismo e a Crisma). Para sempre a alma será reconhecida como Sacerdote, mesmo no Céu e até no Inferno. Este caráter é também uma graça que ajuda o Padre a estar sempre unido a Jesus Cristo pela graça santificante.

  • As etapas do Sacramento da Ordem
Para terminar, vamos descrever rapidamente as sete etapas do sacerdócio, que o jovem seminarista vai recebendo ano a ano, conforme vai se aproximando da feliz data de sua ordenação.

Pouco depois de sua entrada no Seminário, ele é aceito como clérigo. O Bispo, depois de dar-lhe a vestimenta própria do estado clerical, chamada batina (hábito, para os monges), corta com uma tesoura pequenas mechas de cabelo (tonsura), que significam que aquele rapaz está se consagrando a Deus. Depois disso, ele está apto para receber as etapas do sacerdócio:

1) Porteiro ou ostiário: recebe o poder de guardar as chaves do templo.
2) Leitor: recebe o poder de ler as leituras na Missa (menos o Evangelho); ajuda no Catecismo.
3) Exorcista: recebe o poder de expulsar o demônio (poder que só poderá ser exercido de fato quando já for Padre, e mesmo assim, só com permissão expressa do Bispo).
4) Acólito: recebe o poder de ajudar a Santa Missa e outras cerimônias, carregando as velas que precedem as procissões.
5) Subdiácono: Primeira das Ordens Maiores. Recebe o poder de tocar nos vasos sagrados (cálice, âmbula, etc.), de preparar a matéria do Sacrifício, participa da Missa assistindo ao Diácono. Lê a Epístola e passa todo o Cânon da Missa segurando solenemente, sob um véu, a patena. Nas Missas solenes, o Subdiácono se reveste da túnica, paramento ricamente ornado. Quando recebe o Subdiaconato, o jovem já faz um voto de castidade perpétua: a partir desta etapa ele se compromete a não procurar uma esposa para se casar.
6) Diácono: instituído pelos Apóstolos para ajudá-los nas cerimônias. Já participa mais profundamente do sacerdócio, podendo inclusive distribuir a Santa Comunhão e pregar. Nos seus paramentos, além da dalmática, túnica parecida com a do Subdiácono, ele já recebe uma estola, símbolo do sacerdócio, que deve ser usada em diagonal.
7) Sacerdócio.

  • Finalizando com um excerto da CARTA ENCÍCLICA DO PAPA PIO XII - MEDIATOR DEI -
75. É necessário, veneráveis irmãos, explicar claramente a vosso rebanho como o fato de os fiéis tomarem parte no sacrifício eucarístico não significa todavia que eles gozem de poderes sacerdotais. Há, de fato, em nossos dias, alguns que, avizinhando-se de erros já condenados,(82) ensinam que em o Novo Testamento se conhece apenas um sacerdócio pertencente a todos os batizados, e que o preceito dado por Jesus aos apóstolos na última ceia - fazer o que ele havia feito - se refere diretamente a toda a Igreja dos cristãos e só depois é que foi introduzido o sacerdócio hierárquico. Sustentam, por isso, que só o povo goza de verdadeiro poder sacerdotal, enquanto o sacerdote age unicamente por ofício a ele confiado pela comunidade. Afirmam, em conseqüência, que o sacrifício eucarístico é uma verdadeira e própria "concelebração", e que é melhor que os sacerdotes "concelebrem" junto com o povo presente, do que, na ausência destes, ofereçam privadamente o sacrifício.

76. É inútil explicar quanto esses capciosos erros estejam em contraste com as verdades acima demonstradas, quando falamos do lugar que compete ao sacerdote no corpo místico de Jesus. Recordemos apenas que o sacerdote faz as vezes do povo porque representa a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo enquanto é Cabeça de todos os membros e se oferece a si mesmo por eles: por isso vai ao altar como ministro de Cristo, inferior a ele, mas superior ao povo.(83) O povo, ao invés, não representando por nenhum motivo a pessoa do divino Redentor, nem sendo mediador entre si próprio e Deus, não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais.


fontes: Padre Ernesto (FSSPX) e site Permanência

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Salve Maria!

Que o Espírito Santo conduza suas palavras. E que Deus nos abençoe sempre.

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***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.