Gustavo Corção - O que houve no Concílio Vaticano II

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Paulo VI e os protestantes que estavam no Concílio!

Sabe-se de alguma informação a respeito da influência da maçonaria sobre o Concílio?

Da maçonaria não sei. Na década de 70, houve uma denúncia, na França, de que inúmeros cardeais e bispos franceses eram membros da maçonaria. Aqui no Brasil houve um escândalo com o cardeal-arcebispo da Bahia, na época, Dom Avellar Brandão, que celebrou missa num templo maçônico e usou os paramentos maçons.

Quando essa denúncia surgiu na Europa, e a denúncia incluía o cardeal secretário de estado da cúria romana na época, os acusados negaram indignados. Mas as publicações davam até o número de inscrição deles.

Em 1980, houve o escândalo do banco Ambrosiano com o banco do Vaticano, e por aí se viu que o banco do Vaticano era cúmplice e sócio do banco que sustentava a principal loja maçônica do mundo, chamada P2, dirigida por Lucio Gelli, preso pela polícia por causa do escândalo. Lucio Gelli tinha manobras e relações com deputados, generais e políticos do mundo inteiro, comandava uma rede de grandes empresas e levou o banco Ambrosiano à falência com um rombo de 1 bilhão e 200 milhões de dólares. Isso mostrou que as relações do Vaticano com a maçonaria italiana não eram nenhuma brincadeira.

Sobre a influência da maçonaria no Concílio Vaticano II não tenho dados, mas dos protestantes sim. Existe uma famosa fotografia do Papa Paulo VI com seis representantes protestantes. Corção chamou a atenção para o fato de que, atrás do Papa e dos protestantes, pode-se ver uma porção muito grande de bispos participantes do Concílio, todos rindo às gargalhadas; o Papa e seus convidados, não, mas os participantes estavam. E Corção escreveu um artigo perguntando: Mas de que é que eles se riem? Por que estão rindo?, e aí fazia uma série de considerações a respeito.

Mais tarde, foi confirmada a influência desses representantes protestantes. Eles não tinham voto, mas participavam das discussões, prestavam esclarecimentos, distribuíam material, entravam nos assuntos todos, enfim, como se fossem membros do Concílio para expor suas idéias. E assim foi sendo feita a subversão da Igreja...

O ecumenismo e a revolução litúrgica já estavam sendo preparados, mesmo antes do Concílio. Um monge beneditino belga, dom Lambert Beaudouin, dera sinais inquietantes de querer mudar a liturgia e fora censurado por Roma. Ele gostava muito da liturgia oriental, ortodoxa, e quase virou ortodoxo. Ele fundou um movimento litúrgico que, no início, nós recebemos de braços abertos. Até hoje, nossa missa é dialogada em voz alta. O catolicismo, no início do século, era mais praticado pelas mulheres, as beatas. Os homens, quando iam à Igreja, ficavam atrás conversando. Sobral Pinto, em seu tempo, causava comoção porque freqüentava a missa, comungava, ajoelhava-se, e isso não era costume masculino. Mas mesmo as pessoas que iam à Igreja não sabiam bem o que estava acontecendo. Algumas rezavam o terço, que é algo que realmente se pode fazer, desde que se reze com a devida intenção, caso contrário não se está assistindo a missa nenhuma. Nas missas, as pessoas têm de saber o que está acontecendo, o que é aquilo, e participar pelo menos no sentido de oferecer a Deus o Cristo imolado, porque a missa é a reiteração, a apresentação hoje da mesma realidade que aconteceu dois mil anos atrás, a saber, a morte do Cristo na cruz, em que Se oferece ao Pai em remissão dos pecados dos homens. É o mesmo Cristo que está ali presente, o mesmo Cristo que consagra a hóstia e que Se oferece ao Pai. Os fiéis estão presentes para oferecer o sacrifício de Cristo a Deus junto com o sacerdote, e é por isso que, na hora do oferecimento, o acólito segura a casula do sacerdote, significando que estamos ali para isso, para oferecer a Deus um sacrifício pelos nossos pecados e pelos pecados dos outros.

Ora, o movimento litúrgico fora instituído justamente para fazer com que as pessoas tomassem consciência do que estava acontecendo na missa e participassem verdadeiramente dela, mas depois ele extrapolou. Começou-se a estudar a liturgia e os sacramentos, e, em seguida, a fazer elucubrações sobre o sacramento da Eucaristia e sobre o papel do sacerdote, e a sustentar que o povo também é sacerdote, e começaram alguns bispos e cardeais a dizer besteiras.

Essas besteiras se prolongaram e acabaram gerando, nos meios intelectualíssimos da Cúria Romana, compostos de muitos progressistas, um desejo de simplificar a missa, mudar a missa, corrigir a missa — coisa que os católicos jansenistas tinham feito na França no século XVIII. De fato, foi exatamente isso o que fizeram: colocaram as mãos na missa para usar as palavras das Escrituras para ensinar isso e aquilo. Não tem nada que usar a missa para ensinar. A missa é o resultado místico de uma obra mística, de grandes místicos. Primeiro do próprio Jesus e depois os ritos surgiram de grandes místicos da Igreja, que foram, primeiro, os apóstolos, todos santos, depois grandes Papas santos e grandes doutores santos — com isso foi se formando a missa que tem, se não na sua integridade, pelo menos na sua essência, dois mil anos. E quando começaram a aparecer variações que punham em risco a pureza daquele ato litúrgico, o Concílio de Trento, no século XVI, estabeleceu as normas que a missa devia seguir e o Papa, São Pio V, publicou uma encíclica famosa, chamada Quo Primum, proibindo que se tocasse na missa, e estabelecendo as únicas exceções, que eram certos ritos, variantes do rito romano, com mais de 200 anos, mas admissíveis. O Papa proibia que se fizessem modificações na missa dali para a frente, coisa que os progressistas de Roma de nosso tempo não admitiram, e disseram que, se um Papa proibiu, o outro Papa, que tem poder igual, pode "desproibir", e então fabricaram a missa de Paulo VI, que é essa que está aí.

Quando surgiu essa missa, nós, inicialmente, íamos a ela. Claro que procurávamos sempre padres sérios, comedidos, não esses que ficam distribuindo as hóstias na mão como se as tirassem de uma caixa de biscoitos, mas, mesmo com um padre sério, eu me sentia mal. Eu descobri, sem querer, que se esquecesse o padre e fixasse os olhos no Sacrário, eu me sentiria melhor. Passei a fazer isso e voltei a usar o missal antigo. Eu rezava minha missa ali sozinho, fixando os olhos no sacrário, sem tomar conhecimento do que o padre fazia no altar.

Depois que Corção morreu, que monsenhor Lefèbvre morreu e que acabou a revista "Permanência", eu quis deixar uma lembrança disso tudo para meus filhos e netos. Tinha um instrumento precioso, os artigos que Corção escrevia duas vezes por semana nos jornais, em que ele foi cada vez mais deixando a política de lado e se concentrando no debate espiritual e religioso. Eu tinha então um registro, duas vezes por semana, do que acontecia no mundo católico: o que o Papa disse, o que disseram os bispos, fatos que aconteciam e que Corção comentava. Peguei a coleção e o fui seguindo, contando esta história no meu livro, muitas vezes usando trechos do que Corção escrevia, muitas vezes mesclando o tema da crise da Igreja com assuntos políticos. E contei também a divisão que ocorreu no grupo da "Permanência" depois que Corção morreu.

Quando compreendemos que a missa nova era insuportável, começamos a procurar padres que nos dissessem a missa tradicional. Primeiro, encontramos um franciscano, que depois ficou doido, foi para a Europa e se ligou a outro doido que acreditava ser o Papa Gregório XVII. Depois surgiu um padre jesuíta, que nos disse a missa tradicional por algum tempo, mas acabou sendo proibido pelo superior dele, quando soube do que se tratava. Enfim, andávamos atrás de padres que nos dissessem a missa de sempre, inequivocamente católica.

Até que descobrimos um padre holandês com quem fui conversar. Sentei-me ao seu lado no banco da Igreja e perguntei: Padre, me diga uma coisa, o senhor acha que está proibido dizer a missa tradicional da Igreja? E ele me respondeu que não, que não podiam proibir essa missa. Eu disse: O senhor concorda que não pode ser proibida a missa que a Igreja santificou durante vinte séculos? Ele concordou. Nesse tempo, não era proibida. Isso não interessava ao diabo, porque exoneraria as pessoas de sua responsabilidade pessoal. O diabo quer levar as pessoas para o inferno o mais que puder; ele quer que as pessoas sejam cada vez mais enredadas, até que elas também prefiram ficar com a missa nova. Então, eu pedi ao padre que dissesse a missa para nós e ele aceitou. Tínhamos a missa na capela de umas freiras carmelitas, ao meio dia. Depois apareceu um rapaz que conhecia música e tocava gregoriano. A missa ficou uma beleza, as freiras ficaram deslumbradas conosco, com a nossa missa, com a música e com o padre holandês, que fazia sermões muito ingênuos, mas muito bons — sermões de padre de verdade. E nós passamos cerca de quatro anos de felicidade tranqüila, porque para nós isso era o principal da nossa vida.

Depois, perdemos a missa, porque a família de uma das freiras nos denunciou e o cardeal mandou proibir. O padre holandês recebeu a proibição e ficou apavorado, com medo de o cardeal manda-lo de volta para a Holanda, e se recusou a continuar com aquela missa.

Encontramos um outro jesuíta. Meu filho foi pedir a ele que rezasse a missa para nós, ele aceitou, rezou uma vez. Nós entramos pelos fundos, escondidos, para ter a missa. E esse padre, daí em diante, quando eu aparecia na sacristia, ficava apavorado, com medo de ser punido pelo superior. Por isso, quando me via, começava a ficar nervoso.

Outra vez ficamos nós sem missa, e voltamos a correr atrás de padres. Surgiu então um franciscano, depois, um padre de Campos, que vinha de avião dizer a missa para nós na sede da "Permanência".

Até que Corção morreu e foi quando nós perdemos a missa definitivamente e eu resolvi não ir mais à missa de Paulo VI. Metade de nosso pessoal ficou contra nós, porque há uma obrigação de ir à missa aos domingos. Mas eu tomei a decisão de não ir. Muita gente hesitou, mas acabaram tomando a decisão de também não ir.

No domingo, me fechava no meu quarto e rezava meu missal sozinho. Na hora da consagração, eu fazia uma espécie de comunhão espiritual e rezava a missa todinha, de cabo a rabo. Passamos assim algum tempo.


Fonte: Permanência.

0 comentários:

Postar um comentário

Salve Maria!

Que o Espírito Santo conduza suas palavras. E que Deus nos abençoe sempre.

***Caso o comentário seja contrário a fé Católica, contrário a Tradição Católica SERÁ DELETADO, NEM PERCA SEU TEMPO!
***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.