O MATRIMONIO É SAGRADO

sexta-feira, 28 de maio de 2010

                                                                   


Os sacramentos da nova lei, são como relíquias da encarnação divina. (Sacramenta novae legis sunt quaedam divinae incarnationis reliquiae) De fato, os sacramentos contem alguma virtude de Jesus Cristo, mas um deles, a Eucaristia, contem a Ele mesmo, em Pessoa. Os sacramentos foram instituídos para remediar a miséria humana, reordenar no bem as faculdades enfraquecidas pelo pecado original e fazer-nos participantes da vida divina de Jesus Cristo e de Sua caridade.

Se o pecado original nunca houvesse acontecido, tampouco existiriam o batismo, a penitência, o sacerdócio, a eucaristia, etc. Contudo existiria o matrimonio, que “foi instituído pelo Senhor, antes do pecado, no Paraíso terrestre”, em vista do que, ele se chama “relíquia do paraíso terrestre”. Nosso Senhor Jesus Cristo, com efeito, não instituiu o matrimônio, mas o restituiu à sua pureza primitiva (monogamia e indissolubilidade) e o elevou à ordem sobrenatural ao constituí-lo como sinal eficaz da graça, a fim de que os cônjuges, feridos pela culpa original, fossem capazes de vivê-lo santamente: “o matrimonio instituído em pessoa pelo autor da natureza, DEUS, foi reformado, confirmado e elevado pelo restaurador da mesma, Cristo Nosso Senhor” (Pio XI, Casti Conubii)

Por conseguinte, o matrimonio é uma instituição divina que atravessa toda a história humana tendo sobrevivido às conseqüências do pecado original, como diz a belíssima benção da esposa “a sociedade doméstica, instituída no principio, recebe a benção que nem a pena do pecado original nem o dilúvio conseguiram suprimir”. Essa benção divina precedeu à Igreja com seus sacramentos e, de fato, os ministros do matrimonio são os próprios nubentes, não o sacerdote, que nada mais é que a testemunha da Igreja, mas não o ministro do sacramento.

Sabemos, alem disso, por São Paulo, segundo nos recorda a mesma oração, que “a união Conjugal goza da sublime e arcana dignidade de dar uma idéia do mistério da união de Cristo com a Igreja”. A união querida por Deus entre o homem e a mulher, entre o esposo e a esposa, sempre foi o símbolo e a figura de todas as uniões inspiradas pelo amor total. Quando se trata de expressar a plenitude do amor, o símbolo mais adequado é sempre o do amor entre os esposos, isto é, o do casamento. O mesmo se dá ao falar do amor entre Deus e a alma humana. Veja-se o “Cântico dos Cânticos”, e também o Evangelho, onde Jesus usa freqüentemente dessa imagem , na qual Ele se compara ao esposo. De fato, quando o Verbo de Deus quis unir-se à natureza humana para restaurá-la e salva-la, escolheu como modelo e figura desta união a que há entre os cônjuges e ao criar a Igreja, escolheu como figura e modelo a criação da primeira mulher tirada do lado do primeiro esposo: criou a Igreja de Seu lado, assim como Eva havia sido tirada de Adão.

O matrimonio natural já era figura da união entre Deus e os homens, mas agora, na ordem do evangelho e da nova lei, é a união entre Jesus e a Igreja que constitui o modelo do matrimônio cristão, do sacramento, cujo fundamento não reside tão só no amor natural, mas sobretudo na caridade , isto é, no amor espiritual e sobrenatural que une as almas na graça divina antes de unir os corpos, e não une os corpos senão para unir as almas.

Ora, a desordem atual das famílias e da sociedade não é mais que o efeito do abandono deste principio universal: a ordem natural, material, temporal, não é um fim em si mesmo, mas tão só o caminho para a ordem sobrenatural, espiritual, eterna, que constitui a finalidade de todas as coisas. Toda a realidade humana acha sua razão de ser e sua explicação cabal somente em sua finalidade espiritual e eterna.

Assim sucede, também com o matrimonio, cuja finalidade natural é a paternidade e a maternidade física dos esposos, mas cuja finalidade verdadeira e última é a paternidade e a maternidade espirituais, que se exercem no mundo das almas e da graça. A paternidade e a maternidade físicas de nada aproveitam se não conduzem a maternidade e paternidade espirituais, que são a paternidade e maternidade verdadeiras. É preciso ter compreendido isso para entender, como o faz a Igreja, essa “submissão” da esposa ao esposo de que fala São Paulo. Não se trata aqui de inferioridade ou superioridade, nem tampouco, falando com propriedade, de obediência da esposa ao esposo, mas sobretudo, da vontade de ser mãe como a Igreja o é. Trata-se de uma disposição do espírito, do coração e de toda a alma que põe a esposa em estado de receber, de seu esposo, os bens de que carece, não tanto para uso próprio, mas para poder dar aos outros algo melhor que o que ela tem: antes de tudo, a maternidade, mas também de certo modo as virtudes do marido, as quais deve unir às suas próprias para transmitir aos filhos essa riqueza, que é fruto do amor com o qual esta unida espiritualmente a seu marido, somando suas virtudes próprias às deste. Do marido recebeu uma parte do tesouro espiritual que deve transmitir à prole, porque, para isso, a natureza e a graça a constituíram mediadora entre o pai e os filhos. Esta é também a submissão da Igreja a Cristo, e é esta a que vive espontaneamente e sem esforço a esposa cristã que quer ser muito mais que ,mãe dos corpos, porque aspira exercer a maternidade espiritual sobre as almas de seus filhos, na ordem da graça e das virtudes. É assim que a Igreja ama, Ela cujo amor é caridade pela qual se une a Cristo para D’Ele tudo receber, até mesmo quando se ocupa das realidades temporais e materiais ao empenhar-se nas obras de misericórdia corporal: não atende os corpos senão em vista do bem espiritual e da santidade das almas, nada dando senão aquilo que recebe de Jesus Cristo.

Assim devem amar os cônjuges cristãos, em vista do que a família cristã deve ser, como diz São João Crisóstomo, uma “pequena igreja”, um pequeno corpo místico, cuja verdadeira realidade não é a que se vê, mas a que está escondida em Deus e em Jesus Cristo: a realidade da fé, da esperança e da caridade, que não desprezam as realidades humanas, mas, pelo contrário, as tornam mais humanas mais belas, mais doces e serenas, impregnando-as da beatitude de Deus.

Grande é este sacramento porque faz aos esposos responsáveis por uma parte da Igreja de Jesus Cristo a fim de que Deus seja glorificado. Jesus confia aos esposos, com o sacramento do matrimonio, um a parte de Sua Igreja, de sua esposa, de Seu corpo místico, para que tudo se viva como a Igreja o vive: no coração, o altar da Missa e do sacrifício pelo amor, com toda a ordem sacramental, e também a oração pessoal e familiar, com todas as virtudes cristãs cultivadas pelas famílias cristãs, virtudes que herdaram os próprios esposos. Por conseguinte, a Mãe de Jesus deve estar junto ao altar, a Virgem Mãe, esposa e mãe perfeita porque se esquece por completo de si própria; Mãe da Igreja e das almas por sua submissão e dependência absoluta para com seu Filho a fim de dar às almas todos os bens que ele nos mereceu na cruz.

Quem vive assim o matrimonio fará amar a Jesus e à Virgem Maria, glorificará a Igreja e ensinará aos homens de hoje o que é o verdadeiro amor conjugal.

Fonte: Jornal Sim Sim Não Não.

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Salve Maria!

Que o Espírito Santo conduza suas palavras. E que Deus nos abençoe sempre.

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***Para maiores esclarecimentos: não sou adepta deste falso ecumenismo, não sou relativista, não sou sincretista, não tenho a mínima vontade de divulgar heresias; minha intenção não será outra a não ser combater tudo que cito acima!

Por fim, penso que esclarecidas as partes, que sejam bem vindos todos que vierem acrescentar algo mais neste pequeno sítio.